Eu estive vivendo no lugar escuro.
O lugar onde todos os pensamentos e ações levam à chama negra da eterna escuridão interna que consome, de maneira inerente, presente passado e futuro. A chama que permeia os conhecimentos mais devaneantes. O resultado da reflexão no espelho da vida e da morte.
Às vezes acho-me livre da escuridão, pensando ter escapado para a luz. Porém, não demora muito até ser lembrado de que há frestas no teto do Tártaro para onde escapam as luzes fugidias das chamas do mundo infernal, luzes que penetram as profundezas e se ampliam de forma cônica, dissimulando o trajeto do meu caminhar enquanto busco no eterno andar a fuga da realidade para os mundos internos de outrora, que ainda me acompanham mesmo que de forma sonolenta, atraídos pelos estados moribundos da carcaça humana.
Desde quando estou aqui?
Não lembro quando caí, mas sei que nunca saí.