quarta-feira, 21 de julho de 2021

Paralisia por análise

A falta de ação não existe. Não agir é decidir pelo ato de não fazer nada. Não fazer é tão consequente quanto fazer. Paralisia por análise extrema. Na verdade, uma paralisação por medo. Medo do imprevisto, do incerto, do erro e de lidar com consequências para as quais não se considera preparado ou com consequências inesperadas que podem ser piores do que imagina.
Nunca mais.
Não fazer muitas vezes é pior do que fazer, mesmo em suas consequências. Além de não trazer entropia para a situação, ou seja, de não levá-la a lugar algum e não resolver aquilo que está sendo analisado, ainda causa dúvida, insegurança, o arrependimento de não ter agarrado o que lhe era importante e a agonia de poder ter feito algo e ter deixado o medo, e não você, dominar a sua vida.
Pense em suas ações. As analise. Mas não deixe que esse processo impeça o caminhar da sua vida. O tempo passa e há aqueles que vivem 1000 anos em 60 e aqueles que vivem 5 em 100. Saiba quem você gostaria de ser e não se perca no caminho.





domingo, 6 de junho de 2021

Permanências na narrativa

 Sonhos...

A realidade transcendental onde vivem as vontades, as memórias, alegrias, tristezas, avisos... Onde tudo vive amassado, aglutinado, unificado e em diálogo. Diferente da realidade consciente e lúcida, onde tudo luta pelo seu espaço na fila da manifestação.

E novamente você aparece diante de mim. Mais um sonho onde a visita inesperada surge inesperadamente em meio à trama, agindo com a normalidade de quem sempre ali esteve. São quase 10 e não 5 anos, sua memória não é presente no meu viver mas de alguma forma você ainda faz parte dos meus sonhos e vem trazida pela mesma pessoa que a trouxe da primeira vez no mundo externo.

Não me traz sentimentos ruins, nem muda os meus planos, mas sua permanência sempre será aleatoriamente surpreendente. Talvez esse breve encontro me ajude a conciliar com partes do meu eu que ficaram no passado. Talvez não. Mas acredito que a mente concluiu seu trabalho, pois neste exato momento ela trabalha para destrinchar e deixar esse acontecimento aqui, marcado nos Diários do Demônio [1a vez].

Seja bem vinda mas seja breve. Sua presença lá não mais tem lastro aqui.

G. L.

Validação externa

Por quê alguns de nós sentimos a necessidade de uma validação externa? Será isso uma forma de contrariar os pensamentos de pequenez e de insuficiência que certos momentos da vida nos geraram e ainda geram? Será isso uma forma de desviarmos de nossas incertezas?

Imprescindíveis, tais atos podem ser miseravelmente mínimos ou tremendamente colossais, porém seu significado sempre abrange todas as esferas do inconsciente. Assim como sua falta.

Atribuímos ao mundo externo, em quase qualquer uma de suas formas, um poder que não é dele; pois é um poder que é nosso para ser atribuído. Ou melhor: para ser agarrado e por nós mesmos utilizado.

Somos nós os únicos que passaremos uma vida inteira em nossa própria companhia. Somos nós que sabemos todos os detalhes e rachaduras e degraus da construção do nosso ser.

Se sabemos de nosso valor, por quê duvidamos? Será porque queremos dizer que as coisas poderiam ser diferentes se fôssemos diferentes? Será o medo de aceitar que o que foi sempre seria e que tudo, além de nossa responsabilidade, depende de nós? Será que o surgimento do outro nos protege dos acontecidos tenebrosos e nos coloca no presente, porém nos voltando para o futuro?

Será?

Seja como for, validemo-nos por conta própria e aceitemos que esse poder que aplicamos ao outro é por nós dado. E que a existência desse poder já é um certificado de nossa competência. Reconheçamos a nossa parte no mundo e a nossa parte no nosso mundo.

Nosso mundo só começa e acaba com nós mesmos. Então sejamos a peça central dele.



sábado, 5 de junho de 2021

Sono desnecessário

Sono desnecessário. Morrer na praia.

A vida é um misto de sacrifícios e recompensas. Muitos desses sacrifícios vem de forma espontânea, ou até mesmo deliberada, como um masoquismo caminhante que leva a um objetivo pleno na construção do todo, se tornando assim o sacrifício também um objetivo.

Porém, como água na brasa que ainda espera se tornar uma nova chama, temos o sacrifício que nada encontra. O mártir esquecido assim que o som da tampa do caixão deixa de ecoar. Chegar na praia pra ser espetado pela lança dos tempos. O erro das fúrias e da matemática.

A imprevisibilidade do que é humano.

Se sacrificar para morrer na praia, sentir-se alvejado sem propósito, sacrificar algo sem necessidade, se preocupar onde não existiu perigo, isso tudo é estranho para a mente humana.

E como tal, quebra a rotina e confunde o próximo passo.

É isso.

sexta-feira, 14 de maio de 2021

A proximidade do Frio

O frio é a estação da aproximação. Ao contrário do que muitos dizem, é no frio que desejamos ter alguém por perto. É no frio que queremos alguém para compartilhar o calor e pra darmos gosto aos calafrios e fim ao frio constante. É no frio que o outro se torna uma presença física que literalmente troca sua energia conosco.

É no frio que a aproximação mais vem a mente e mais faz falta.

Mas, felizmente no meu caso, neste frio de agora, essa aproximação é mais vontade do novo que saudade do antigo e assim dói menos e objetiva mais. Não tem nascimento no desprezo ou na revolta mas sim na volúpia e na especulação e imaginação futuras.

O frio é a estação do calor, mesmo que este se dê através do frio compartilhado. O frio é a subtração multiplicada, onde menos com menos é mais.

O pêndulo das emoções se move para frente e para trás e a cadeia de pensamentos abre suas celas para que as reflexões se esquentem no banho de Sol.

Se não compartilho do meu frio caloroso, me esquento com as ideias que sustento na minha Ideia de futuro. Escrever é meu prazer insolícito, insolente e sem estribeiras. É onde eu sou eu e onde deixo parte de mim. Onde me multiplico e me torno mais.

É no frio que esquento minha História.

terça-feira, 9 de março de 2021

Desabafo

 Já se sentiu inútil, imprestável, insuficiente, vazio, ignorado, pequeno e teve medo de se sentir e ser visto assim pro restante da sua vida?

Hoje é só isso... E hoje é figura de linguagem, já que aqui jaz um resumo da minha vida atual. Não consigo parar de pensar nisso e me sentir pior que morto. Talvez falar para as paredes desta catedral ajude. Talvez não. Mas sinto que preciso desabafar. Quero voltar a escrever, mas só penso num tópico, num tema, e não trago nada de novo. Isso tem que passar. Pandemia, decepções, autodestruição, síndrome de impostor, nostalgia, saudades, confusão...

Tudo isso domina a vida neste momento e não dá espaço pro foco em mais nada.

Duvidar de si mesmo é cruel.

É masoquista

Inevitável?

Pare.

Só.



quarta-feira, 13 de janeiro de 2021

Solidão

 A solidão é um conceito engraçado.

Quando totalmente opcional, é capaz de trazer tranquilidade e de fortalecer a mente. É capaz de nos engrandecer e de fazer com que nos vejamos como autossuficientes ao ponto de transbordarmos e sentirmos que somos maiores que o mundo que nos circunda. Apequena os problemas e simplifica as soluções.

Porém, quando forçada, é a manifestação do martelo que bate em nossas cabeças quando tentamos sair da toca obscura para visualizar o mundo e suas vantagens. É a morte das opções e do futuro. É a sensação de não-pertencimento a nada e de desvalorização pura do si. Ela mostra, verdade ou não, o quanto somos inúteis, indesejados e descartáveis. Engrandece as fraquezas. Fortalece a dúvida. Nos afasta mais ainda da saída. É o vazio.

Paranoia paralisante.

Incerteza, insegurança e descostume.

As mesmas situações físicas, porém opostas onde realmente importa.