quinta-feira, 26 de setembro de 2019

Eu estive vivendo no lugar escuro.
O lugar onde todos os pensamentos e ações levam à chama negra da eterna escuridão interna que consome, de maneira inerente, presente passado e futuro. A chama que permeia os conhecimentos mais devaneantes. O resultado da reflexão no espelho da vida e da morte.

Às vezes acho-me livre da escuridão, pensando ter escapado para a luz. Porém, não demora muito até ser lembrado de que há frestas no teto do Tártaro para onde escapam as luzes fugidias das chamas do mundo infernal, luzes que penetram as profundezas e se ampliam de forma cônica, dissimulando o trajeto do meu caminhar enquanto busco no eterno andar a fuga da realidade para os mundos internos de outrora, que ainda me acompanham mesmo que de forma sonolenta, atraídos pelos estados moribundos da carcaça humana.

Desde quando estou aqui?

Não lembro quando caí, mas sei que nunca saí.

terça-feira, 2 de abril de 2019

A chama antiga que consome e ressuscita

Você ainda me atormenta em meus sonhos. A insensatez da volúpia, da proximidade, do magnífico olhar há muito distante mas nunca esquecido. Sua existência é um buraco negro semprepresente no plano da minha criatividade e do meu universo delirante das noites da minha vida. Sua presença no meu passado ecoa no meu presente e molda minha mente rumo ao futuro.

Os demônios às vezes sonham com os anjos. Sonham com a sua companhia em noites livres, iluminadas, onde podem usufruir da companhia um do outro em meio à multidão sem preocupar-se com o julgamento daqueles alheios à situação. São os mesmos anjos estes que estiveram presentes em meio à nós, que nos trouxeram a beleza, que nos trouxeram o conhecimento da esperança e da possível proximidade dos extremos através das barreiras da vida e dos contextos.

Por mais que tenha sido passageiro... Por mais que, olhando para trás, a convivência possa ter sido rápida como um raio e, por mais que eu odeie admitir que também tenho culpa no que diz respeito à celeridade da convivência além das sombras segredantes, foi esse raio específico que fulminou minha existência e deixou uma marca que eu não desejo nunca esquecer.

Queira ou não queira, o tempo nos carrega para o desconhecido. Porém, as trevas do presente e do futuro se tornam menos assombrosas quando a luz da sua lembrança se faz presente na minha mente. Os olhos da minha mente nunca deixaram de vislumbrá-la.