segunda-feira, 4 de julho de 2022

Precisar querer

Desde tempos primordiais, a destruição do homem pelo homem - de forma individual, pessoal ou coletiva - se resume em dois fatores: a necessidade e o desejo. A falta da primeira nos desespera por nos aproximar do nosso encontro inevitável com a nossa última visita, aquela que com a foice um dia nos despedaçará. Já a falta do segundo nos desaquieta por nos convencer de que, quando nos encontrarmos com tal visita, não teremos vivido o que poderíamos viver. Não teremos cumprido o nosso potencial e teremos jogado nosso tempo fora quando na realidade poderíamos ter sido plenos, melhores, mais alegres, mais cheios, mais "completos".

A necessidade é essencial em essência, pois nos liga à sobrevivência.

Já o desejo, o querer, possui garra tão poderosa que se torna irracional e absoluto, se torna um necessitar querer, algo que não é necessário mas que necessariamente toma todas as horas do nosso dia e que invade nossos pensamentos e polui, estraga, aquilo que outrora nos fazia contentes e alegres e completos. Não queremos o que queremos. Queremos querer o que queremos.

O querer é um vício. Nunca satisfeito, sempre se renova e cada vez mais forte. Conforme te puxa com suas garras e recebe ainda assim o sustento que te pede, percebe sua própria força e as torna maiores e mais afiadas.

Lutar contra o desejo constante é solitário, mas essa solidão passa. Tanto quanto sair da multidão e mergulhar em si mesmo é solitário. Parece criar um vazio, mas esse vazio repentino deve ser preenchido consigo mesmo. E, assim como este último, é só abrindo mão do que te prende em suas garras que é possível perceber que a vida e o mundo são infinitos em possibilidades e que o primeiro passo para seguir em frente é aceitar onde está e seguir com ambição, usando-a como ferramenta ao invés de se tornar você mesmo ferramenta do seu desejo.

Desire by Olivia Steele (2018)


terça-feira, 21 de junho de 2022

Será o fim?

 Parece que meu coração está sendo alvo de pequenas explosões (literalmente e não figurativamente)

Parece a morte, assim como a dos meus dois avôs, mas não sei dizer se é mesmo.

Espero que não seja.

Talvez eu não tenha conseguido quebrar o ciclo, pois me vejo mais associado a ele e mais igual ao meu antecessor.

Desculpe escrever algo tão seco e ruim aqui, mas é o que eu sinto e tenho medo de acontecer alguma coisa e eu não ter falado sobre isso.

O stress acumula cada vez mais e eu largo os pontos cada vez mais ainda. Não tenho mais cabela pra nada disso. Foda-se? Claramente não, porque ainda quero que tudo dê certo e ainda sonho e sonho com meus sonhos se realizando. Decepção é o nome do jogo? Sei lá. Só quero ficar bem e me livrar de tudo que me faz mal.

Não sou eu mesmo, parece. Até porquê o meu eu diz isso pra minha persona.

Mais uma desculpa de mim para você que lê. E é isso.

Aqui na UPA eu escrevo este texto. Passos/MG







quinta-feira, 9 de junho de 2022

Beco sem saída

 Perdido, porém encurralado. As poucas saídas visíveis são as que não quero tomar, ainda que sejam as únicas - e o são.

Diante do profetizado, porém inevitado - seja por covardia, medo, impotência, impaciência ou uma visagem de bondade - só me restam alternativas odiadas e que renascem do passado como mortos vivos em busca de um semblante de vida que seja. E que, ao te morderem, tornam-te parte de suas hostes.

As portas abertas são as do sofrimento. Novidade? Nenhuma. Porém fogem de tudo que era esperado e planejado...

Para o inferno com tudo, pois cansei de tentar fazer o belo, o  e o desigual.

Neste ninho de serpentes, baratas e besouros que se chama vida, aqueles que comem aos poucos superam aqueles que só querem se satisfazer 

Maldita é pouco para esta existência. Lúgubre, fúnebre e nefasta. Desesperançosa, atroz e odiosa. Encurralante, maniqueísta e guiada pelo mesmo caminho percorrido pelos que vieram antes. A bigorna quebra o martelo. Cansado de se consertar, ele se rende. Até se erguer e tentar de novo, se é que terá essa coragem novamente.

Death.

sábado, 9 de abril de 2022

Silêncio e solidão

 Demônios também sofrem da maldição do silêncio. Silêncio, passividade, aceitação, submissão, medo, agonia, angústia, pressão, depressão, raiva e tudo mais de que todos os mortais podem sofrer.

Me vejo sofrendo e busco os velhos buracos por onde alguma luz passava.

Luz cansada, luz antiga e sem sentido. Olhar pra algo que de mim não faz parte nem tem importância é improdutivo. A caminhada será (já está sendo, desde sempre) longa, mas chegarei ao final sendo eu mesmo (por bem ou por mal, se é que existem).