sexta-feira, 20 de novembro de 2020

Não é só você...

Não é só você. É a sua história, é a sua trajetória, a sua memória, a sua luta. E também é você. Os seus sonhos, os seus objetivos, os seus planos, os seus olhos, os seus cabelos, os seus beijos, os seus abraços, o seu corpo, a sua voz e até o formato das suas mãos.

Mas não é só você. É o impacto que você causa em mim. É a vontade que você me traz de ser o meu melhor em tudo e de tornar esse melhor o meu pior quando eu alcançar um nível mil vezes acima do que aquele que eu estou hoje. É a sensação que você me traz de que, mesmo que o mundo ao meu redor esteja em chamas, as labaredas não terão efeito sobre mim pois elas não me importam.

É o sentimento de que tudo é possível, todo obstáculo é pequeno, toda montanha é uma mera pedra no caminho, todo rio é atravessado a nado, toda chuva é refrescante, toda distância é ínfima, toda dificuldade é fútil, todos aqueles que se colocam no meu caminho são fracos e todo esforço vale a pena se o objetivo estiver ao seu lado.


Espero que esta seja a última vez que eu fale disso, mas quero deixar deixar marcado na eternidade das eras que, para mim, você só é você se o for em sua totalidade e eu só te amo assim.As palavras não conseguem fazer jus ao todo do que eu sinto e anseio, mas ninguém pode me acusar de não tentar.

Os pensamentos ficam cada vez mais conflitantes, mas o sentimento é o mesmo. A vontade é a mesma. Mas o objetivo precisa ser outro. Não importa o quanto o cego quer ver. Sua força de vontade sozinha não vai fazê-lo enxergar. Às vezes é preciso aceitar que a conclusão das nossas vontades não depende só da nossa força de vontade. Nossa vontade de força nem sempre é correspondida. Isso é parte da vida.

Triste, porém parte da vida.

O próximo texto será diferente. Eu juro para mim mesmo sobre a lápide deste texto.

quinta-feira, 12 de novembro de 2020

Solilóquio e Abominação do Si

Felina sagacidade. Enterrada em meu ser, a concepção da síntese e a análise debatem constantemente nas janelas enquanto pelos becos e pelas ruas do consciente caminham temas dos quais é feito solilóquio. Transitam tais proposições em eterno despir e escancaro, mostrando todas as suas hipóteses e todos os seus potenciais significados. Não se manifestam, necessariamente, enquanto significado de um fato exterior, mas antes se apresentam de fora para dentro para resultarem em uma miríade de visões de o fora pelo dentro.

Me atormenta a relação entre tal exercício constante e o resultado que propõe no mundo exterior. Gritos são ouvidos, vindos de todas as janelas. Todos tem a resposta, mas muitas vezes somente uma ação é possível. E nesta também encontramos a inação. Agir ou não agir, o tempo passa da mesma forma.

A insegurança, na maioria das vezes, me leva à inação ou à ação sublime e contida. Por mais que eu não queira e por mais que eu queira agarrar com todas as forças de minhas garras aquela atitude que resumiria um terceiro ser da (in)consciência, o sentimento, a insegurança e o medo me seguram para trás e me detém, prisioneiro de minhas atitudes triviais e fracas.

As consequências me aterrorizam, mas as consequências desse padrão de agir me trazem não só terror mas também ódio.

A luta pela melhora é uma luta de subida que não tem descanso. Enquanto descanso, ela me alfineta nos meus sonhos e me mostra outras mil possibilidades mais fáceis de cenários que não ocorrerão. É preciso lutar contra si mesmo com as armas que você mesmo possui. É se odiar mas se amar o suficiente para tentar se transformar. É fincar a faca no medo e agir às como um zumbi que não pensa, para se acostumar com as consequências aceitáveis de suas atitudes.

É saber que o relógio está batendo, que o tempo está acabando, e que só temos uma chance de viver.

Você vai me mostrar a sua luta? Ou vai me mostrar a sua vitória, batalha por batalha?



terça-feira, 3 de novembro de 2020

Caos generalizado!

"Estupro culposo"

"casos isolados"

a exceção que já se torna regra

a natureza em chamas

o Inferno é na Terra

Nos dizem o que pensar

nos dizem como pensar

querem a nossa cabeça

por dentro e por fora

Auto sabotagem

Pra quê, num país que mata o seu próprio povo?

Elegemos nossos inimigos

e ainda torcem pra que nos salvem

Hipocrisia

devastação mental

necropolítica é um projeto de vida

Indignação

Morte

Ódio

Abuso

Ação

Reação

Revolta

Justiça, uma palavra que perdeu o sentido

A união é a única esperança de força

Nós contra eles

eles contra Nós

como podemos resolver o que está por dentro

se estão eliminando o que está por fora?

Caos generalizado

Caos generalizado

Caos generalizado

sexta-feira, 30 de outubro de 2020

Nostálgica tarde de sexta-feira

 A meia-luz do tempo chuvoso entra pelo vidro da janela do meu quarto enquanto caminho com o notebook em uma mão e uma e a caneca de café na outra. São 12:12. Na trajetória até a cama, atualmente o local de preferência para passar meus dias durante essa pandemia global que ainda nos assola mesmo sendo cada vez mais ignorada e teorizada, contemplo meus dois baixos com alegria nostálgica e expectativa futura. O Sol magro que se manifesta traz uma sensação cinematográfica e lembra tempos mais romantizados em que a música, o clima e a conversa sobre ambos me trazia toda a alegria de que eu precisava.

Não há frio, mas também não há calor.  Com uma leve virada de cabeça consigo visualizar tudo que me traz sentido e que representa quem eu sou. Os baixos, pedal, o amplificador, roupas, capacete, CDs, calçados, ferramentas, livros e até o meu próprio cabelo.

Aos poucos, esse estado de consciência vai me inundando e mostrando que veio para ficar como o novo normal. O primeiro sacudir do mar turbulento assusta e traz o medo, mas mesmo a sua inconstância se torna uma constante.

Tenho me sentido bastante nostálgico de tempos mais simples, mas acredito que isso é um reflexo da simplicidade atual que veio com a liberação de espaços. Não mais a vontade de me moldar para me encaixar, mas sim de ser e de mudar por mim mesmo, porém sem pressa e sem desespero.

No meu mundo, eu sou Deus de tudo. Como mais haveria de ser? Por quê seria eu insuficiente se sou eu que produzo, através dos meus sentidos, toda a existência ao meu entorno? 

O caminho é para frente, mas onde estou não só já é parte do caminho como já foi parte do objetivo. O Eu de 10 anos atrás estaria orgulhoso mas não surpreso com o Eu de agora. E é isso que nos liga.



segunda-feira, 19 de outubro de 2020

Saudades... Manifestações de saudades

Recém-acordado, sento na beira da cama enquanto me situo para poder buscar algo que sacie a sede. É nesse momento de escuridão e semilucidez que nossos sentidos são reputáveis por nos pregarem as mais diversas peças. Talvez não sejam peças, mas sim somente manifestações de reflexos do que desejamos e valorizamos, fáceis de visualizar nessa transição entre dois mundos.

É aí que sinto, como muitas vezes tenho sentido... Saudade. O sentimento mais sincero, porém ao mesmo tempo o mais massacrante. Clara como a luz da Lua no céu limpo minha mente lembra como é ver seu corpo, de costas viradas para mim, se levantando na madrugada em busca de alguma coisa, não importa o que for, sentada da mesma forma que eu me encontro enquanto tenho tal visão, enquanto dentro desta miragem eu observo deitado e sinto a tranquilidade e a realização de não ser, mas simplesmente estar, ali naquele momento. Minha mente não perambula pelas esferas do consciente em busca de soluções, razões ou problemas, pois todo o nosso foco está no momento.

É enquanto tenho esta visão que começo a imaginar as palavras que aqui escrevo. Algumas não sobreviveram e caíram no esquecimento das horas entre sua concepção e o momento da escrita. Da mesma forma como essas memórias se tornam cada vez mais raras e mais difíceis de reproduzir, perdidas no caminho entre a realidade da vivência e a sobrevivência da saudade.

Sinto falta dos teus cabelos, assim como dos seus olhos, assim como de todo o resto. Sinto falta da pessoa que me acompanhava em meus melhores momentos, pois ajudava a construí-los. Sinto falta da pessoa que me fazia esquecer dos meus problemas, pois todos perdiam a grandiosa importância de antes de frente ao que sentia.

Sigo sem você, como queria que fizéssemos, mas ainda não consigo seguir sem a saudade de você.

quinta-feira, 15 de outubro de 2020

De dentro pra fora e de fora pra dentro

Fumegante, o horizonte é trespassado pela dança das chamas que avançam como bailarinas pútridas que por onde saltitam fazem estremecer o ar e trazem consigo a ceifadora de vidas. Lento, porém quase imparável por mãos solitárias, o círculo dessa ciranda de morte consome tudo aquilo que lhe é próximo e aumenta seu número de participantes e o volume de sua música de forma mútua.

As nuvens vão se tornando mais densas, porém nenhum chuva parece se pronunciar. Árido, o ar se torna quase tóxico enquanto a tarde se torna crepúsculo contra a própria vontade. As luzes dos postes acendem, fazendo o trabalho para o qual foram feitas, mesmo que o façam de forma inesperada.

Todos querem saber quem começou, onde começou e o que motivou os primeiros incêndios. Porém, o importante no momento não está nos motivos mas sim nas soluções. Salvar o que nos resta e preservar o intocado é a única coisa que deve ser feita de imediato. Sobrevivência antes de julgamento e investigação.

É preciso primeiro ficarmos livres daquilo que nos ameaça para depois, enquanto buscamos mecanismos para que não nos ameace novamente, procurarmos entender de onde veio a tempestade infernal que atentou contra o que nos era caro.

De uma forma quase macro-histórica (ou seria micro-histórica?), o interno e o externo continuam andando em conjunto.

Da forma que descrevo o que vi, fisicamente se manifestando, com meus próprios olhos, também descrevo o que que aconteceu comigo em um nível pessoal e que antes, durante e ainda agora sinto no âmago do meu ser.

quarta-feira, 7 de outubro de 2020

O Martelo e a Bigorna que formarão o meu destino

Falha. Arrependimento. Infelicidade. Ódio próprio. O ciclo se mantém há gerações, estas sem vontade e sem coragem para mudar o que lhes foi apresentado e não foi combatido. O caminho lhes foi traçado pela causalidade e não pela volúpia de construir a si mesmo, ou de chegar a um objetivo que valesse a pena.

O medo era grande demais.

Eu serei o martelo e a bigorna que estraçalharão a sandice desse ciclo. Não mais por falta de tentar, não mais por falta de força de vontade, não mais por covardia e não mais por comodismo morrerão os sonhos e os objetivos de uma pessoa. Não mais por falta de movimento a vida será abandonada em favor da existência. Os erros e derrotas serão sempre presentes, mas não dominarão o panorama da pangeia de possibilidades e oportunidades que se estendem neste mundo interno que se projeta em minha mente.

Nunca mais quero me associar seja ao fracasso ou à perdição de meus predecessores. Nossas vidas são eternas na História mas únicas enquanto ainda em seu processo. Que se eternizem também vitórias e não só perdas. Que os exemplos sejam dignos de alegria e não nefastos. Que a influência traga progressão e não atraso. Se arrependa, mas não morra no passado nem mate o futuro enquanto estrangula o presente a todo momento em que seus olhos estiverem abertos.

Torne-se quem você sempre quis ser e subtraia do seu vocabulário intrínseco as palavras viciadas e os feitios que levaram seus ancestrais à falha.

Liberte-se dessa prisão criada sobre ti com engenharia de outrem mas usando as tuas próprias mãos. Quebre o ciclo. Não esmague-o, mas o estilhace. Ele não fará parte da sua vida nem das vidas que seguirão. Mate o que te mata. A força dele está na sua derrota.

terça-feira, 6 de outubro de 2020

Sonhos no Tártaro da esperança

Por duas noites seguidas eu tenho sonhado com a tua presença. com o recomeço daquilo que perdemos, com o acerto de contas e com o duplo entendimento da condição alheia. Com a vontade de permanências que nos impulsionam nos nossos caminhos. Na primeira, veio até mim. Na segunda, fui até ti. Nas duas, o conturbado metamorfoseou no tranquilo e o momento já-terminado morreu, esquecido fora do campo do aprendizado, e deu espaço a um novo início, livre das garras e amarras e cobranças do passado.

Por quê? Por mais que esta seja uma realidade que me traria alegria, não busco tais sonhos. Os sonhos sempre foram, para mim, um refúgio da realidade. Maldita realidade, que nos derruba em todas as chances que se apresentam e que nos empurra para baixo sempre que percebe um fraquejo. Agora, me atormentam da mesma forma que o esperar do próximo dia. Me mostram o que poderia ser.

Mas acordo e imediatamente percebo a realidade no meu entorno. O inferno parece cada vez mais vazio. A crise se manifesta em todos os planos; e os anjos descem ao abismo para buscar os demônios enquanto outros escalam as montanhas erebicas na esperança de alcançarem a luz ou na ilusão de alçarem voo mais uma vez com a ajuda de ventos mais fortes.

Talvez as profundezas não estejam tão mais vazias quanto desocupadas. São poucos os que não voltam. Eu mesmo voltei, mesmo que muito antes de abrir meus olhos para aceitar a falta de luz. Porém, errados somos nós que esquecemos de onde viemos e nos acostumamos com a contumaz clareza dos mundos geograficamente superiores, que enquanto nos querem se fazem onipresentes em nossas vidas.

O ódio sempre existiu e sempre existirá, mas hoje ele se direciona não para as unidades ou para os singulares, acostumados com tal forma de viver centrada no si, mas sim para as estruturas e para essa torre de existência que nos limita e nos engana. A morte dos céus não está na morte de seus integrantes, mas na derrubada de seus alicerces.

De toda forma, seria ela um anjo ou demônio adversário? Tanto faz. Os anjos já não são os mesmos e os demônios muito menos. Neste buraco abadônico, o que mais se busca é o passar dos dias e às vezes um lugar sobre as rochas ígneas onde o sono de Hypnos nos ajude a esquecer da morte constante. Subir a escada da existência, por aqui, é um processo individual. O fogo primordial não habita as profundezas anaeróbicas, mas também não pode existir na excessividade estratosférica. É preciso usarmos nossas asas não só para voar, mas primeiro para nos equilibrarmos na caminhada, pois elas ainda não estão prontas para a viagem. A escalada, hoje, se dá de forma menos heroica e menos unida, mas já é possível traçar os próprios trajetos e atravessar aqueles que no caminho do meu objetivo se estabelecem.

segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Dialética construtiva do espaço interior

Construa sua fortaleza de vidro e a veja explodindo em milhões de pedaços quando qualquer coisa quiser entrar (ou sair) e não pedir para que abaixe a ponte levadiça. Após isso, role nos pedaços espalhados pela sua fundação e tente se sustentar no que restou, se empenhando para juntar os cacos em mãozadas e colocá-los de pé novamente, só para vê-los desabar com a falta de suporte e de rigidez.

Esqueça o que já foi, esqueça a fortaleza de vidro e se aplique em deixar seduzir pela ideia de construir algo novo, em um lugar novo da mente onde não deva pagar taxas ao medo. Construa ali, no local anterior, não uma fortaleza mas um mausoléu titânico que, durante a sua construção, te obrigue a refletir. E que, após pronto, não impeça a entrada nem a saída e não ofereça em seu interior nada além de memórias e aprendizado.

E, no local novo, use suas ferramentas analisantes, fixantes e reflexivas para construir não uma nova fortaleza mas sim uma casa, ou uma vila, ou uma cidade, onde a vida não só prospera como caminha e constrói e se reconstrói com a força dos tijolos maciços que são usados em sua estrutura. Deixe abertas as portas e janelas e trate as coisas não com extremismos (seja do lado de dentro ou do lado de fora) mas sim com o discernimento de quem possui dentro de si um Deus de chamas infernais que decide, faz, e sabe o que é bom para a sua casa, ou vila ou cidade.

Construa com a força e o objetivo da liberdade própria, e não da estagnação eterna. Construa de forma que um tijolo ou uma parede derrubados não abalem o construtor. Construa para reconstruir, renovar, modificar e adaptar. Que os alicerces sejam criatividade e princípios, e não meros materiais rígidos. Faça para si um lugar de tamanho suficiente para a sua própria grandeza, ao invés de se limitar ao tamanho da fortaleza que o sela.

segunda-feira, 28 de setembro de 2020

Nem longe nem perto... O círculo das eras

Como uma flor que nasce sobre as cinzas... Nos vales das montanhas vulcânicas e nubladas. Suas raízes, fixas no solo negro, se afundam a cada ano durante o período de claridade e suas irmãs surgem na extensão da poeira que dá vida em meio à escuridão ao mesmo tempo em que fantasmas de outrora vagam junto aos ventos sobre suas pétalas e sobrevoam os morros estabelecidos por erupções ao longo dos milênios.

Oh, manifestação da vida, sua jornada nesta terra é breve mas é eterna. É você que distorce e modifica ao passo que tira de um e transfere para o outro a energia de sua capacidade que se transforma em vontade inconsciente. O ar perturbado se movimenta ao longo do inspirar e do expirar das eras, o solo brota com a feição de outras vidas e as ondas tomam para si as praias enquanto devolvem para elas parte do mar.

Enquanto o solo é pisoteado pela magnitude da existência a jornada continua; o Sol mesmo não ultrapassando as nuvens do firmamento celeste ainda projeta a sua luz incandescente e queima o que foi e o que será, forçando a mudança e a rotação do círculo das estações. A vida se constrói em meio às vidas que não mais hão de existir e faz delas o seu sustento.

A aurora é não mais que um aviso do que está por se repetir e o crepúsculo é a sua gêmea e contrapartida. Vagante, a caminhada continua e o passo dos ciclos terrenos não para e não te para. Nascente e poente são pano de fundo para a resiliência e a busca da forma original. A viagem através de terra e tempo incessa e se dá de dentro para fora, porém com ambos em conformidade. Navegue, rumo à sua Kundalini, e se preciso abocanhe o Sol e as estrelas. Mas primeiro viva sob eles como as formigas vivem sob os ursos. Se sobre eles não há poder, se manifeste independente do que lhe é externo e faça com que as eras sejam as arquitetas das suas pontes.

sexta-feira, 25 de setembro de 2020

Me acompanhe na jornada eterna das estrelas

Venha comigo. Enfrente o escuro. Enfrente os medos, as angústias, as incertezas e os desafios.
Desafie os problemas, os anseios, as vontades e as fraquezas.
Combatamos o incerto do futuro e derrubemos a influência do passado.
Me ajude a levantar a âncora do agora e a carregá-la enquanto buscamos o próximo porto.

A vida não espera, mas as mentes esfriam e os corações gelam com a brisa do tempo.
Soturno é o momento em que se perde no esquecimento a esperança e a vontade de fazer.
Maledicente é a voz que leva ao calabouço a determinação e a osmose empática da vida.

Caminhemos sobre as clássicas estradas, cheias de sensações e novidades.
Sejam boas ou ruins, atravessemos os caminhos da existência enquanto seguimos rumo ao destino.
Provemos da água do existir enquanto ela chove dos céus e lava nossas cabeças.
Acumulemos experiências, sentimentos e memórias ao longo de nossas passagens.

Pois acumular parado é acumular peso mórbido, esmagador e quebrante.
Caminhar pela vastidão devastada do passado é morrer de dentro pra fora.
Se afogar na água da chuva é desperdiçar o tempo que nos é tão caro,
e ficar parado e desobjetivado é a morte do destino, do futuro, da vontade, da força e de todo o universo que nos rodeia.

Venha comigo acender uma lâmpada, um archote, uma vela ou um fósforo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2020

Sonhos: casualidade e expectativa

O vasto panorama dos sonhos sempre fora confuso em um primeiro momento, mas sempre apresentava uma vastidão de possibilidades a descobrir e situações para se atentar. Aquele portal, atravessado quase todas as noites de sono, nunca tinha destino certo. Aí sempre residiu a graciosidade de ser tragado por tais universos: abrir os olhos dentro da própria mente para caminhar em mundos distantes, para conviver com seres irreconhecíveis mesmo quando são arquétipos de seres próximos ao ponto de serem parte de nós mesmos. O extraordinário está em explorar enquanto vive e se adapta a uma realidade muitas vezes desconhecida e que não se sabe se será a última ou mesmo se retornará algum dia depois daquele.

Desta vez, eu me encontro no topo de um morro. Um morro que se eleva na noite, não muito acima do nível do mar, este que é possível ver alguns quilômetros à frente. A Lua, cheia, ilumina todo o horizonte tomado pela relva dos morros com a exceção da baía através da qual as águas salgadas agitadas se estendem. Por mais que esteja claro, é mais que claro que o céu está negro de nuvens, e relâmpagos rolam pelo teto celeste acompanhando o som dos trovões que anunciam a tempestade iminente.

Olho para o meu entorno com atenção, procurando entender a paisagem e a presença (ou falta de) estruturas óbvias que possam esconder algo de interessante. Porém, como a minha orientação já parece óbvia pelo lugar em que me manifesto, o único caminho é à frente. Do topo da ladeira para o fundo do vale, se inicia meu caminhar atento e constante. A curiosidade inunda minha mente antes da chuva. Estará aqui o destino do meu sonho?

quinta-feira, 17 de setembro de 2020

Catacumbas eternas nas profundezas esquecidas

Em meio às catacumbas míticas, posicionadas nos corredores dos monumentos incandescentes de luz Solar, perambulam os guardiões dos segredos da mente e do passado, transeuntes no turbilhão do tempo imemorial que se estende até o presente. Sobre os pisos de pedra lisa e reluzente tecem suas teias de magia e clarividência, observando sem olhos o desenrolar das eras. Seus corpos cobertos por faixas mergulham no cerne desta cascata amplificadora do esotérico e do oculto, possibilitando que lancem seus tentáculos para além do mausoléu esquecido e enterrado sob as dunas eternas, abaixo dos oceanos de areia.

Servos do desconhecido para além do sobrenatural cósmico, estendem seu manto e influenciam as mentes frágeis de humanos despreparados ou que a vida já trouxe à beira da loucura e por fim os metamorfoseiam assim como um fungo é capaz de possuir uma formiga. Abraçam os cérebros e obscurecem consciências, traçando objetivos e os aproximando do seu novo objetivo.

Dominação desenfreada, maquinam enquanto perambulam, ao largo de que eles mesmos são alvos da dominação celeste para além das esferas; marionetes milenares que realizam o que lhes é inserido em troca de tempo e em troca de relevância.

No Mar cósmico, estão vagando sobre as ondas enquanto a maré os leva para onde deseja. Sobrevivem por cima daqueles que afundam, usando da inabilidade destes para manter sua magnitude enquanto mal percebem que o Mar e as marés os mantém prisioneiros de sua própria vontade.

segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Confusão e renascimento

Tempo e confusão andam de mãos dadas e destroem com cólera tudo aquilo de que se apossam. Enquanto esta gera desespero, aquele o prolonga e o torna uma bigorna soturna na face do muro aparentemente permanente que se ergue diante da caminhada através do vale das sombras.

A esperança, antes de sofrer o golpe final, é posta em estado vegetativo pela confusão, que se agarra com seus 50 dedos às pernas hospitalizadas enquanto tenta largá-las sem olhar ao redor. É somente após a morte definitiva desta confusão é que a esperança é abandonada para morrer ou desaparecer como se nunca houvesse sequer existido.

É somente após a aniquilação da confusão que é aberto o caminho para o ninho interno do renascimento da alma. A fênix, anteriormente encapsulada em um casulo construído ao longo do tempo enquanto este se faz dono dela, ressurge e desperta coberta de cinzas. Cinzas estas que não somente caem e esvoaçam mas que também são absorvidas e se tornam parte de seu Ser mais interno. São as cinzas que servem de alimento para a expulsão da dominação e para a reconstrução das asas que pairam sobre toda a existência de que elas mesmas fazem parte.

O assassinato da confusão e seu desligamento do Tempo são o primeiro passo para o despertar do Titã que foi afogado em túmulo profundo, abaixo do Hades, no Tártaro interno da existência medíocre e dependente da luz exterior. É somente após absorver a escuridão de sua prisão que a força se faz suficiente para concluir a destruição do que lhe faz cárcere e para tomar seu lugar de direito.

Liberte-se. Renasça e destrua aquilo que lhe corrói. A ferrugem corrói o aço esquecido mas, se mantida sob controle, deixa de existir.

segunda-feira, 7 de setembro de 2020

Labiríntico esforço mental da existência

Os caminhos do labirinto da vida se parecem. As paredes, o terreno, as entradas, as saídas, os tetos (nas partes fechadas) e os céus (nas partes abertas). Por mais que eu ande, por mais que eu escolha, por mais que eu adore e odeie, eles não mudam.

Às vezes temos encontros inesperados. Um quadro, uma flor, um cipó, uma trepadeira ou uma rachadura no chão. Um caminho bloqueado que nos obriga a retornar ou uma falsa sensação de realização. Todos levam ao mesmo lugar. Mais caminhos se formam.

Mas a inevitabilidade do labirinto não é o que me espanta. o que me espanta é a sua falta de sentido. Lutamos para seguir, para continuar e para objetivar a nossa caminhada constante. Queremos saber, entender e conseguir. Se o que importa é o caminho, por quê ele nos mantém exilados?

Há quem encontre sustento em permanecer em um único lugar, bradando ser ali o seu destino.

O exílio e o caminho solitário se mostram os maiores inimigos da vontade do caminhar. A esperança, já a maior aliada desta, nasce enorme e definha ao longo da repetitividade da frustração temporal. É ao longo das eras cerebrais e reflexivas que me perco. Me perco na vontade de que me acompanhe e me liberte da introspecção e das matrizes cíclicas, trazendo o novo, a dialética, o diálogo e a companhia que metamorfoseia essas paredes incessantes que esmagam sem que precisem me tocar.

se a caminhada para, e ninguém está ali para ver, por acaso ela alguma vez aconteceu?

segunda-feira, 13 de julho de 2020

A insuportabilidade da vida

Às vezes percebo...
Percebo que viver se torna insuportável. Minha mente anseia por saber, por entender a motivação que leva a este infortúnio torturante, porém é ela mesma que aprofunda a faca e a prensa que esmagam o meu crânio e sufocam a minha alma, restringindo meus pulmões. É ela que me afoga enquanto lança a corda para resgate. A mesma corda que apronta para o enforcamento. Qual a racionalidade subconsciente e onde se originou tal busca e afeto pela mediocrização da vida e da experiência da continuidade da existência da consciência humana?
O viver em sociedade, embora às vezes necessário, polui a mente com tais pensamentos. A hiper-análise constante da pactuação dos seres e de suas vontades, desejos e maquinações reforça esta busca pelo apagamento da sobrevida.
Enquanto sozinho, o ser se fortalece em seu castelo interno, barra a sua mente e acende a chama de seu âmago, purificando-se dos pensamentos das finitudes. Mas é quando se abre e sai de si para percorrer e aventurar o mundo externo, em busca de novas (ou re-novas) experiências e conhecimentos e interações, é que deixamos escancaradas as portas da fortaleza, trazendo os antigos inimigos fortalecidos por novos aliados que habitam com o mesmo intuito dominador e destruidor. É através disso que me dominam a mente tais pensamentos, a volúpia mental pela não-existência e pela morte do sofrimento causado pela própria mente. A auto-sabotagem é o que me traz a vontade da morte da auto-sabotagem.

Liberte-me de mim mesmo.

quinta-feira, 4 de junho de 2020

O fogo negro de Qliphoth, sempre-consumindo para a árvore da vida, a mim corresponde ao fogo que consome meu ser mas que se manifesta limitador e criador. Uma chama cega que quanto mais cria mais destrói. Um manifesto abominável e atormentador que acelera a perdição e toma conta com angústia, desespero e desafio, invocando ódio, dúvida, apreensão e fúria. Porém, essa chama criativa é uma mera casca destrutiva que ao queimar o último galho da existência trará o nada que restará e levará para eterna Sitra Achra, em busca do Vazio inconsciente onde tudo é possível, imanente, infinitamente profundo e ao mesmo tempo raso e inerte.

É no ápice da existência que a ingenuidade abriga a destruição interna. É na proximidade com a luz criativa que a ignorância dá espaço para a negritude da fronteira abismal, e não quando se está a procura da mesma. Eterno cabo-de-guerra onde o Oceano perene é o único resultado mas onde a permanência do tempo é o prêmio buscado por aquele que possui esperança e onde a confusão incandescente é a porta de entrada para o túnel vertiginoso da Escuridão Primordial.

quarta-feira, 3 de junho de 2020

Reflexão magna nas portas da consciência da existência

Narração
Invocação
Animação
Ilusão
Realização
Desilusão
Conclusão
Aperfeiçoamento
Uma realidade que não pode e nem deve ser definida
Sentimentos que atravessam
Além da mente se expandem
Dominação
Da existência
Liberdade para aterrissar e prisão celeste
Magnetismo cósmico te puxando para baixo
No eixo multidirecional do emaranhado das entranhas da existência
Bruxaria, feitiçaria e magia são somente formas de controle
A mente define a vivência
Passado e futuro transbordam no presente
Realidade parece fútil
Quando conceitos são levianos
A matemática da gramática da razão
Está aquém da transcendência neural
Sonhos se manifestam
Enquanto o vazio infinito nos engole
E nos liberta da sempiterna claustrofobia da esmagante realidade
Uma chama negra eterna vagando nas marés estanques de Ain
Solipsismo
Estoicismo
Imagética
Abominação
Adoração
Avaria
Antecipação
Eloquência
Amaterasu
Maniqueísmo
Tempestade de fogo escarlate celeste
Revigoração
Kundalini