Recém-acordado, sento na beira da cama enquanto me situo para poder buscar algo que sacie a sede. É nesse momento de escuridão e semilucidez que nossos sentidos são reputáveis por nos pregarem as mais diversas peças. Talvez não sejam peças, mas sim somente manifestações de reflexos do que desejamos e valorizamos, fáceis de visualizar nessa transição entre dois mundos.
É aí que sinto, como muitas vezes tenho sentido... Saudade. O sentimento mais sincero, porém ao mesmo tempo o mais massacrante. Clara como a luz da Lua no céu limpo minha mente lembra como é ver seu corpo, de costas viradas para mim, se levantando na madrugada em busca de alguma coisa, não importa o que for, sentada da mesma forma que eu me encontro enquanto tenho tal visão, enquanto dentro desta miragem eu observo deitado e sinto a tranquilidade e a realização de não ser, mas simplesmente estar, ali naquele momento. Minha mente não perambula pelas esferas do consciente em busca de soluções, razões ou problemas, pois todo o nosso foco está no momento.
É enquanto tenho esta visão que começo a imaginar as palavras que aqui escrevo. Algumas não sobreviveram e caíram no esquecimento das horas entre sua concepção e o momento da escrita. Da mesma forma como essas memórias se tornam cada vez mais raras e mais difíceis de reproduzir, perdidas no caminho entre a realidade da vivência e a sobrevivência da saudade.
Sinto falta dos teus cabelos, assim como dos seus olhos, assim como de todo o resto. Sinto falta da pessoa que me acompanhava em meus melhores momentos, pois ajudava a construí-los. Sinto falta da pessoa que me fazia esquecer dos meus problemas, pois todos perdiam a grandiosa importância de antes de frente ao que sentia.
Sigo sem você, como queria que fizéssemos, mas ainda não consigo seguir sem a saudade de você.
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