Fumegante, o horizonte é trespassado pela dança das chamas que avançam como bailarinas pútridas que por onde saltitam fazem estremecer o ar e trazem consigo a ceifadora de vidas. Lento, porém quase imparável por mãos solitárias, o círculo dessa ciranda de morte consome tudo aquilo que lhe é próximo e aumenta seu número de participantes e o volume de sua música de forma mútua.
As nuvens vão se tornando mais densas, porém nenhum chuva parece se pronunciar. Árido, o ar se torna quase tóxico enquanto a tarde se torna crepúsculo contra a própria vontade. As luzes dos postes acendem, fazendo o trabalho para o qual foram feitas, mesmo que o façam de forma inesperada.
Todos querem saber quem começou, onde começou e o que motivou os primeiros incêndios. Porém, o importante no momento não está nos motivos mas sim nas soluções. Salvar o que nos resta e preservar o intocado é a única coisa que deve ser feita de imediato. Sobrevivência antes de julgamento e investigação.
É preciso primeiro ficarmos livres daquilo que nos ameaça para depois, enquanto buscamos mecanismos para que não nos ameace novamente, procurarmos entender de onde veio a tempestade infernal que atentou contra o que nos era caro.
De uma forma quase macro-histórica (ou seria micro-histórica?), o interno e o externo continuam andando em conjunto.
Da forma que descrevo o que vi, fisicamente se manifestando, com meus próprios olhos, também descrevo o que que aconteceu comigo em um nível pessoal e que antes, durante e ainda agora sinto no âmago do meu ser.
Sentir, ver e escrever...
ResponderExcluirOnde iniciou...