segunda-feira, 23 de outubro de 2023

Eventos Divisivos

Normalmente, categorizamos nossas vidas em eventos.

O momento em que quebrei o braço, o dia em que eu formei, quando eu aprendi a andar de bicicleta, o fim do segundo namoro, e por aí vai.

Porém,

falhamos em perceber que o importante da vida não são esses momentos.

O importante da vida,

são todos os momentos. Sejam marcantes - históricos na História do nosso Universo - ou não, todos eles fazem parte da teia que constrói as pessoas que somos. Todos fazem parte do humano que formamos.

Por isso, é preciso sermos conscientes das nossas ações mais corriqueiras. Pois é nelas que construímos, ou desfazemos, nossas vidas. É nelas que aproveitamos o tempo que temos ou o jogamos fora.

É nos momentos mais esquecidos que analisamos, vivemos, aproveitamos, construímos, observamos, destruímos, escolhemos (sem perceber), evoluímos (se é que isso existe), progredimos (outro termo duvidoso), regredimos (que maniqueísmo é esse?) e criamos/desenvolvemos a vida que vive(re)mos.

Não joguemos fora o nosso tempo sendo reativos ou passivos no passar da foice sobre o trigo, pois quando chegarmos em certa altura será nossa vez de ser ceifados.

Olhemos para o que fazemos não com criticismo científico, mas com criticismo de valor. É válido o que eu estou fazendo com a vida que tenho? E desvinculemos disso o que os outros - ou as estruturas socioeconômicas - consideram válido.

O que é válido, é válido para você.

Faça o que queres há de ser tudo da lei, porém primeiramente aprenda o que realmente queres;

domingo, 15 de outubro de 2023

Impaciência

Refém da cachoeira infame de estímulos, distrações, interesses, trivialidades, informações incompletas - e completas, embora raramente. Como que por uma escada espiral, mergulhei passo-a-passo neste funil psicológico; intencionalmente ou não, o caos e a decadência inevitáveis deste sistema monopólico fazem com que o fantasioso e o escapismo se tornem mais e mais interessantes. Buscando fugir da persistência da inabilidade de mudança, inabilidade esta exclusiva da maioria insignificante que se coloca à mercê de uns poucos, damos nossas vidas ao efetivo nada.

Desses estímulos nada provém, a não ser o vício da impaciência, do movimento falso porém continuo e da velocidade elevada que nos impede de parar por sequer um minuto para observar, ler, escrever, criar, nos manifestarmos - e esta lhes é a mais lucrativa - e sermos nós mesmos. Não decidem o que falamos ou fazemos, mas decidem sobre o que falamos e sobre o que fazemos. Assim como também decidem o que não fazemos.

Para mim, se tornou mais difícil escrever de forma não-reflexiva. Como evidente neste exato momento de minha escrita, só tenho escrito sobre o que me passa no momento. Longe está a criatividade e a exploração do inesperado e da invenção. Ainda é possível pescá-las, porém a linha deve ser longa e a pesca deve ser profunda, ambos requerendo uma paciência cada vez mais escassa e reduzida.

Reversível? Sim, assim como qualquer outro vício. Porém, sua facilidade e impensabilidade em sua condução o tornam cada vez mais sádico, pois é um vício que nada custo e que se encrusta em nossa realidade assim como o ar que absorvemos em nossos pulmões.

Longínquos estão os dias em que me bastava observar as chamas enquanto sons feéricos dançavam no ar em torno de mim. Longínquos estão os dias de meditação, criação, solitude, solicitude, honra, devoção, unicidade e mitologias individuais.

Longínquos para trás, em direção ao passado, e provavelmente longínquos para frente, em direção ao futuro. Porém, assim como a ametista presa dentro do geodo, é possível quebrá-lo e revelar, em nova forma espatifado porém talvez mais repleto de nuances e variações.

Muito me apetece a probabilidade e a responsabilidade pessoais de dar sequência a estes projetos de pensamentos, mas obviamente não é algo que me parece fácil. Principalmente se levarmos em consideração a necessidade de fazê-lo dia após dia, de forma totalmente consciente.

Porém, é isso que nos faz tão diferentes das demais espécies. A consciência com a qual realizamos nossas ações. Não devo deixar que esta também se esvaia, mas sim utilizá-la como o antigo martelo que eu jurei que utilizaria para arrebatar o metal da minha vida, porém agora para fender a rocha em que o cristal do verdadeiro valor da minha, enquanto minha, existência se encontra aprisionado

Fonte: https://br.pinterest.com/pin/672232681898725326/


quarta-feira, 11 de outubro de 2023

Meditações

De que me serve a dor e o sofrimento causados por algo que foi produzido por mim e que estes não podem mudar? Seria vantajoso senti-los para impedir que este algo aconteça novamente no futuro?

Mas não é esta a origem das consequências dos traumas, que nos comandam de forma irracional por reverberarem acontecimentos do passado assim como uma corda não tocada vibra ao sentir a frequência com a qual que foi retesada na vibração de outra corda?

Não sabia eu, naqueles momentos passados, de forma racional, que aquelas atitudes me trariam sofrimento naquele presente e no atual futuro? E mesmo assim agi da forma de agi.

Não seria mais prudente agir de acordo com a minha racionalidade da próxima (ou das próximas) vez ao invés de buscar um mecanismo - ou falta de mecanismo - que me evite sofrer?

Seria esta uma nova tentativa de atribuir responsabilidade a um meio externo, ou falta de responsabilidade a um meio interno?

Por fim, deixar de sofrer pelo que já vem sendo sofrido há muito e pensar em agir de forma a enfrentar as consequências me parece mais produtivo.

As dores do corpo são inevitáveis, porém as da mente merecem certo controle - ou pelo menos tentativa de.

sábado, 7 de outubro de 2023

Frágil Humanidade

 

descansem em paz todos os que já foram e todos os que ficam, pois esta falta de paz é só mais um resultado de nossas fragilidades

quarta-feira, 4 de outubro de 2023

E lá vamos nós de novo

 Vivo através dos outros enquanto tento multiplicar as forças para fazer tudo aquilo que é necessário mas que me é (e sempre me foi) horrendo de ter que fazer.

O equilíbrio do balanço pendular transforma a existência que poderia ser medíocre em algo satisfatório e traz uma reserva de energia cultivada pelas ações satisfatórias do dia-a-dia, ou até mesmo de dias específicos.

Agora, quando tudo o que resta são as obrigatoriedades inúteis e nefastas, e a esperança de momentos bons é deturpada pela sabedoria de haverão fatores ruins que os corromperão, o que resta é o escapismo e a tentativa de perceber o bom na vida de outros ao invés de tornar tornar a própria existência menos sofrível.

De volta ao buraco? A saída está na escrita? Nas ações? Na solidão? Ou é esta a casa? Forçada ou escolhida? Ou uma soma de ambos?

Consciência e más decisões se unem para me acachapar.