segunda-feira, 14 de setembro de 2020

Confusão e renascimento

Tempo e confusão andam de mãos dadas e destroem com cólera tudo aquilo de que se apossam. Enquanto esta gera desespero, aquele o prolonga e o torna uma bigorna soturna na face do muro aparentemente permanente que se ergue diante da caminhada através do vale das sombras.

A esperança, antes de sofrer o golpe final, é posta em estado vegetativo pela confusão, que se agarra com seus 50 dedos às pernas hospitalizadas enquanto tenta largá-las sem olhar ao redor. É somente após a morte definitiva desta confusão é que a esperança é abandonada para morrer ou desaparecer como se nunca houvesse sequer existido.

É somente após a aniquilação da confusão que é aberto o caminho para o ninho interno do renascimento da alma. A fênix, anteriormente encapsulada em um casulo construído ao longo do tempo enquanto este se faz dono dela, ressurge e desperta coberta de cinzas. Cinzas estas que não somente caem e esvoaçam mas que também são absorvidas e se tornam parte de seu Ser mais interno. São as cinzas que servem de alimento para a expulsão da dominação e para a reconstrução das asas que pairam sobre toda a existência de que elas mesmas fazem parte.

O assassinato da confusão e seu desligamento do Tempo são o primeiro passo para o despertar do Titã que foi afogado em túmulo profundo, abaixo do Hades, no Tártaro interno da existência medíocre e dependente da luz exterior. É somente após absorver a escuridão de sua prisão que a força se faz suficiente para concluir a destruição do que lhe faz cárcere e para tomar seu lugar de direito.

Liberte-se. Renasça e destrua aquilo que lhe corrói. A ferrugem corrói o aço esquecido mas, se mantida sob controle, deixa de existir.

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