É estranho como de vez em quando sinto que a hora está chegando.
Nada mais tem sentido. Nem sentido no sentido metafísico nem sentido no sentido pós-niilista, em que finalmente descobrimos que somos nós que damos sentido à palavra "sentido". Não sinto mais nada disso.
Propósito.
Vontade.
Conexão.
Relação.
Onde? Perdidos. Perdidos em meio ao lugar onde chegamos. Um lugar em que nada é valorizado, nada valoriza. Exploração constante, onde uns ascendem a pirâmide enquanto a constroem com os corpos dos demais, é a norma. E, mesmo nas baixadas abissais, não há união nem compaixão. Muito menos consciência. É só lamúria (e aqui contribuo com a parte que me cabe) e frustração. Ação se tornou passado. É muito arriscado. Somos muito importantes. Um grão de areia, uma gota d'água, porém extremamente importantes.
Dicotomia terrível. Enquanto defendo a deificação do indivíduo, também torço para que haja em prol do bem coletivo. Será que a ginástica mental para dar sentido a isso tudo vai longe demais? Ou será que é uma situação que só pode ser explicada de tal forma? Afinal, conclusões extraordinárias requerem provas extraordinárias. Não é assim que aprendemos?
Enfim. Se fazia necessário extravasar, assim como eu sempre recomendo, pra esvaziar algumas gavetas e dar espaço para tudo que está batendo na porta, pedindo pra entrar. Entre mas não sinta-se em casa. A geladeira está vazia e as cadeiras estão cheias de roupas. Estou ocupado demais pra processar vocês neste momento.
A desvalorização me aguarda.