sábado, 25 de maio de 2024

Xeper

 "Eu me tornei a mim mesmo"

Somente após a morte (ou à relegação à caixa de ferramentas da consciência) do ego é que é possível se tornar, completamente, aquele que se realmente é.

Todos temos momentos de acesso a esse estado, nos momentos entre os momentos. Entre os pensamentos, entre os sentimentos, na ponte, na transição, nos momentos de nada; entre a inspiração e a expiração, é que mora - escondido por nós mesmos - aquele que realmente somos.

Alguns chamariam de inspiração divina, outros de princípios, outros de conhecer o próprio destino, de uma forma de iluminação, conhecer sua própria Shambhala, se tornar seu próprio Deus, dentre outros infinitos nomes.

É quando sabemos que algo é certo, que será (ou pelo menos deveria ser) feito, que é parte de nós sem que precisemos raciocinar anteriormente, que encontramos momentos de nós mesmos. Eudaimonia.

É saber, a priori, quem realmente se é. É trazer para a superfície o ser, e não o ego. É fugir das amarras dos julgamentos baseados na identidade que se atribui, ou quer atribuir. É entender o que realmente importa para depois aplicar, através das emoções e dos pensamentos, as ferramentas que se possui para concluir o projeto (ou os projetos) que satisfazem as condições da própria existência. É conhecer a si mesmo.

Porém, isto só é possível se dermos tempo para nós mesmos. Se praticarmos nos libertarmos, pelo menos por alguns momentos, do mundo externo e dos pensamentos internos. É saber viver com o nada. É aceitar o nada e perceber o que surge a partir dele. É acessar um mundo onde só existe o ser. Não o "eu", mas sim o "Ser".

É realizar, sintetizar, montar as peças do quebra-cabeça, e entender que o que já foi e o que será não só não nos limitam como também não existem além de formas de transporte e do aprendizado, ou seja, não existem como forma definidora.

Abrace a espontaneidade do viver, aprenda o que é realmente se projetar e expressar no mundo. Não de forma hedonista, mas sim da forma real que já existe mas que muitas vezes não percebemos.

Torne-se a si mesmo. Xeper.







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